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O armazém de Celso Furtado

Por admin

Atualizado em 16 de novembro de 2025

 

Vamos bater à porta da Casa em que nasceu Celso Furtado, em Pombal, localizada na Rua Coronel José Fernandes, pra ver o que ainda resta do imóvel, que integrava o Centro Histórico daquela cidade sertaneja. Não é a Casa de Mãe Joana, nem Joana entra nessa história.

Li um texto incrível de  Carlos Antônio Vieira Fernandes, que nasceu em Lagoa de Dentro, mestre em Finanças pela Université Paris 1 Panthéon – Sorbonne, pós-graduado em Estratégias, que saiu em defesa da Casa de Celso Furtado, que virou um armazém.

Fernandes se diz movido por uma curiosidade afetiva:  “Telefonei a um amigo e irmão de Pombal. Queria saber se a casa onde nasceu Celso Furtado, ainda se erguia intacta. A resposta veio em forma de foto: sim, a casa continua de pé. Mas não como museu, não como espaço de memória, não como altar de um dos maiores intelectuais da América Latina”.

A foto  a que ele se refere, é do ´Armazém Paraíba´, que destruiu a fachada, que hoje ocupa a casa que pertencia a família dos pais de Celso Furtado. Puxa vida! Onde está o delegado da Pombal? Um vídeo enviado pelo escritor Jerdivan Nóbrega, postei em meu Instagram, mostra essa desgraceira que fizeram com a casa onde nasceu  um dos maiores homens brasileiros, o criador da Sudene

Na verdade, hoje é um deposito, um armazém de insumos, depois de ter servido de sede da Rádio Maringá AM. Segundo definem os galegos do sertão, que lutaram em busca de salvar a casa, está  mais que estabelecido quem é que manda no Brasil – o país dos desgraçados, onde todo mundo bota a mão no meio – de  longe é um “esconderijo” um “cão sem dono”.

Dentro dessas mesmas características, a casa de Celso Furtado hoje se encaixa, ou não encaixa, virou um projeto de mercado, que parece se firmar em algum espaço obscuro da sala ao oitão.

A casa de Celso Furtado não é um ponto isolado do Brasil inóspito e se observa  de agora para fora uma ampla discussão, que atrai mais ainda o capitalismo, com suas facas e vão matando memórias, pobres e os patrimônios.

Se em Pombal é assim e ninguém faz nada, imagina aqui na capital onde prédios e casarões estão abandonados e em ruínas  invadidos de moradores rua, craqueiros escambau.

A  obra de Celso Furtado está no mundo, séculos virão e seu nome não morrerá nessa onda virtual de (im)possibilidades, cercado de ambientes duvidosos, e marcado por referências esquecidas.

Como pode a Casa de Celso Furtado, que é tombada, aliás, toda a rua Coronel José Fernandes é tombada, hoje ser um armazém – até a placa da casa sumiu ou  jogaram no inferno.

Isso é golpe, golpe baixo.

Em 2021 entrevistei a viúva de Celso, a escritora Rosa Freire, que estava em temporada em Paris e falamos das correspondências dela com o marido. Eles se conheceram numa feijoada.

Talvez, naquela casa de Pombal, o menino Celso tenha sonhado com outros brasis ou com Rosa, seu amor.

Kapetadas

1 – Quem fala sozinho pelo menos tem a certeza de ser ouvido.

2 – Quem puxa saco puxa tudo, inclusive tapete.

3 –  Ilustração Celso e Rosa na calçada da casa em Pombal.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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