Menu

Eu gostaria de entender

Por admin

Atualizado em 14 de novembro de 2025

Acho que quase todos lembram do incêndio do edifício Joelma em São Paulo. Era fevereiro de 1974 e um curto circuito num aparelho de ar condicionado do decimo segundo andar deu início a um incêndio que se espalhou muito rapidamente. As pessoas começaram a subir para os andares superiores, mas ali não podiam escapar do fogo e da fumaça. Quando os bombeiros chegaram faltou água e a escada Magirus só chegava até os andares inferiores. Muita gente começou a se jogar pelas janelas. Na contabilidade terrível, 191 mortos e 300 feridos. Treze vítimas que tentaram escapar pelo elevador ficaram presas e morreram queimadas dentro da cabine. Seus corpos não puderam ser identificados e foram enterradas juntas.

Até aqui é de geral sabença, né?

E antes? Vocês sabem o que aconteceu na casa que existia no terreno onde foi construído o edifício Joelma antes daquela tragédia? Fui pesquisar e estou sem entender até agora como explicar tanta tragédia.

Em novembro de 1948 moravam no local o professor Paulo Ferreira de Camargo (26 anos), sua mãe Benedita e suas irmãs Maria Antonieta e Cordélia. Paulo era químico e ensinava na Universidade de São Paulo. No dia 5 daquele mês Paulo avisou aos amigos que faria uma viagem com a família ao Paraná. Dias depois escreveu uma carta dizendo que as irmãs e a mãe haviam morrido num acidente de automóvel naquele Estado, onde foram sepultadas. Apenas ele sobrevivera, sem qualquer ferimento.

Chamou a atenção dos vizinhos o fato de Paulo retornar e continuar a manter o mesmo ritmo de vida de antes. Nenhuma referência ao acidente e às mortas.

As suspeitas cresceram e houve uma denúncia à polícia, que começou uma investigação. Na visita que fizeram à casa, os policiais descobriram um poço profundo que havia sido cavado pelo professor para, segundo ele, ter água sem cloro e utilizar numa fábrica de adubos que pretendia montar. Fábrica de adubos? Epa! Chamaram os bombeiros que imediatamente descobriram os corpos no fundo do poço. Paulo havia assassinado a mãe e as irmãs com tiros de um revólver que trazia escondido na cintura. Recebeu voz de prisão e pediu para ir ao banheiro onde cometeu suicídio. Supuseram à época que a razão dos assassinatos seria o fato da família opor-se ao seu namoro com uma mulher que não era mais virgem.

Menos importa. Eu gostaria era entender como se explicam tantas tragédias num mesmo local.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *