Fúria onde me cabe a mansidão
Por admin
Atualizado em 1 de novembro de 2025
Eu sou mansa, sim. Mas não se engane com o tom calmo da minha voz, nem com o jeito doce de quem observa o mundo em silêncio. A mansidão, em mim, é apenas superfície, está na minha pele, por dentro há correntezas que não se veem — e nelas, o viver é feroz. Não me mexe comigo.
Ser mansa nunca foi ser fraca. É apenas saber o momento de rugir. É guardar o trovão dentro do peito e soltar só quando a vida tenta me engolir. A mansidão me permite respirar, mas é a ferocidade que me faz continuar. Eu vou.
Aprendi cedo que sobreviver exige mais do que brandura. É preciso ter garras para quando a ternura não basta. A vida me ensinou a sorrir enquanto sangro, a calar para não perder a razão, e a levantar mesmo quando ninguém espera que eu levante, mas estou de pé.
Eu sou mansa, mas minha função de viver é feroz, porque amar exige coragem, perdoar requer força, e seguir em frente é uma forma de guerra silenciosa. A cada queda, eu renasço. A cada ferida, aprendo. A cada despedida, me reinvento. Eu sou Antonia.
Se às vezes pareço calma demais, é porque já aprendi que o furacão mora dentro. E ele só sai quando a travessia ousa me subestimar.
Como diz a artista Maria Bethânia, não meexe comigo, que eu não ando só.
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