Muito se discute sobre a origem da tradicional Festa das Neves, em João Pessoa, que ocorre normalmente entre 27 de julho e 5 de agosto. O ponto alto do evento coincide com a data da conquista da capitania, 5 de agosto, justamente o dia dedicado à padroeira Nossa Senhora das Neves. Assim procediam os portugueses com a nomeação de suas descobertas e inaugurações topográficas. Assim, logo nos primeiros meses, foi erguida, no alto da colina, que assomava junto ao Rio Sanhauá, o nosso berço, uma capela bem simples, bem tapera, a ela dedicada. Após demolições e reformas, no correr dos séculos, a igreja foi concluída, nos moldes atuais, em 1881, conforme está inscrito na parede da entrada do templo, à direita. Sabemos que as celebrações em honra aos santos e santas sempre ocupam destaque na prática religiosa da Igreja Católica. Ainda mais quando definidas ou definidos como padroeiras ou padroeiros, ou seja, protetoras ou protetores de uma cidade, região ou país. Dessa forma, é de se supor que desde os primeiros anos de existência da cidade, ainda nos finais dos anos 1500, na data de 5 de agosto, tenham sido prestadas regulares homenagens à Nossa Senhora das Neves, ao menos na forma das tradicionais novenas. No entanto, a eminente parte profana assumida pela data parece ter origem oficial na lei 870, de 24 de novembro de 1888, já proclamada a Lei Áurea, e cerca de 7 anos após inaugurada a nova igreja dedicada à padroeira, quando presidia a província, ainda no período monárquico, Manoel Dantas Correia de Góis, nascido mesmo na cidade de Parahyba (atual João Pessoa), dessa forma, identificado com as tradições da urbe. A referida lei declarou como “feriado e de festa estadual o dia 5 de agosto em comemoração da conquista da Parahyba”, sendo clara, portanto, sobre a motivação cívica do “feriado e da festa estadual”. Como as duas coisas, a conquista e a data da padroeira, existem historicamente uma em função da outra, começaram para valer os festejos, ainda à luz de lampiões e candeeiros, que, sem o feriado decretado, certamente não teriam o mesmo brilho e participação. Seja como for, temos dia, ano e mês, com feriado e tudo, e de âmbito estadual, para remontar nosso calendário, e temporalizar a mais pessoense das festas profano-religiosas da cidade, tradicionalmente sediada na atual Avenida General Osório, o que não acontece mais.

FOTO: Ortilo Antônio, de A União.

Publicado de forma automática pelo integrador de notícias, originalmente foi publicado pelo https://www.polemicaparaiba.com.br