A política é uma ciência muito dinâmica. No Brasil, vemos verdadeiras dinastias familiares por todos os 27 estados, que muitas vezes acabam repelindo a entrada de novos políticos.

Mas isso nem sempre é algo fixo e muitas vezes, vemos “forasteiros”, ocupando importantes cargos. E em muitos desses casos, vemos conterrâneos, fazendo sucesso por todo o Brasil.

Nessa matéria iremos conhecer e relembrar as histórias dos paraibanos que mais se destacaram politicamente em outros estados brasileiros.

Luiza Erundina: Natural de Uiraúna, Luiza teve uma infância difícil, mas consegue se formar em Serviço Social na Universidade Federal da Paraíba, em 1967, e segue para São Paulo em 1971 para fazer mestrado em ciências sociais. Mas antes mesmo da sua formação acadêmica, a paraibana já participava da política na Paraíba, chegando ao cargo de Secretária de Cultura de Campina Grande em 1964.

Após sofrer perseguições por sua atuação junto às Ligas Camponesas, Erundina vai para São Paulo onde começa a colaborar com movimentos de periferia que reivindicavam moradia e ocupavam terrenos públicos abandonados. Após ser convidada por Lula a ingressar no PT em 1980, é eleita Vereadora em 1982 e participa como companheira de chapa da candidatura de Eduardo Suplicy à Prefeitura de São Paulo em 1985, que fica na terceira colocação.

Eleita Deputada Estadual em 86, Erundina coloca seu nome nas prévias do partido para à disputa a Prefeitura em 1988. Mesmo sendo preterida pelas principais lideranças do PT, vence Plínio de Arruda Sampaio e se torna a candidata do partido no pleito. Em uma disputa acirrada que contava com nomes como Paulo Maluf, José Serra e João Oswaldo Leiva, a paraibana apareceu como surpresa no final do processo eleitoral e saiu da terceira posição nas pesquisas para a vitória, ao alcançar 33% dos votos, sendo que Maluf teve 24 e Leiva apoiada pelo Prefeito e ex-Presidente Jânio Quadros apareceu com 14%.

Após não eleger sucessor em 1992, tentou ser Senadora em 1994 e Prefeita novamente em 96, quando perdeu no segundo turno para Celso Pitta. Após divergências internas, sai do PT em 1998 e ingressa no PSB, onde é eleita Deputada Federal. Desde então continua na Câmara Federal, tendo disputado mais duas disputas à Prefeitura em 2000, 2004 e 2016 e trocado outra vez de partido, ao ir para o PSOL em 2016. Com 89 anos de idade e ainda ativa em Brasília, Erundina pode ser considerada a principal política paraibana a fazer sucesso fora da terra onde o sol nasce primeiro.

Lindbergh Farias: Nascido em João Pessoa, filho de um médico e de uma professora, Lindbergh faz parte de uma família com importantes raízes na política. Aos 17 anos, começou a estudar medicina na Universidade Federal da Paraíba. Em 1990, ingressou, mediante submissão à seleção pelo vestibular no curso de Direito na mesma instituição e ingressou para o DCE (Diretório Central dos Estudantes). Com 21, foi eleito secretário-geral da UNE e se muda para São Paulo.

Se torna Presidente da UNE em 1992, quando liderou o histórico movimento dos caras-pintadas, que contribuiu significativamente para o impeachment do Presidente Fernando Collor. Dois anos depois entra na política partidária e se elege Deputado Federal pelo PCdoB, após ir para o PSTU em 96, não consegue voltar à Câmara e se eleger Vereador, pois o partido não lhe dava a legenda necessária, o que causou sua ida ao PT em 2001.

Em um partido com maior estrutura, volta à Brasília em 2002 ao atingir mais de 83 mil votos, deixando o cargo para se tornar Prefeito de Nova Iguaçu em 2004, se reelegendo quatro anos depois. Renuncia ao mandato em 2010, para disputar e vencer uma das vagas ao Senado.

Não consegue se reeleger em 2018, mas se torna Vereador do Rio de Janeiro em 2020 e Deputado Federal nas últimas eleições.

Manoel Pereira: Natural de Araruna, o economista foi auxiliar na gestão da Prefeitura comandada por José Agripino Maia entre 1979 e 1982. Nomeado para assumir a Prefeitura em maio de 82, passou menos de um ano no cargo, para assumir a Secretaria de Finanças do Governo do próprio José Agripino.

Pereira também foi secretário de Planejamento na curta gestão da prefeita Cláudia Regina, em Mossoró, exerceu o cargo de reitor da UNP entre 2003/2008, além de ter sido secretário de Planejamento do governo Rosalba Ciarlini (2011/2014).

O paraibano morreu aos 73 anos em 8 de junho de 2016, vitimado por um câncer linfático.

Sandoval Caju: Nascido na cidade de Bonito de Santa Fé em 1923, Sandoval começou sua carreira nas rádios paraibanas, trabalhando como locutor. Após passagem pela Tabajara, foi visitar o irmão que estudava em Maceió, por onde ficou vivendo nos próximos 47 anos.

Após se apaixonar por uma alagoana, decidiu ficar na cidade, onde fez sucesso na Rádio Difusora de Alagoas, onde teve seu primeiro programa de auditório. Em 1958, com o programa Tribuna do Povo na recém-criada Rádio Progresso, passou a liderar a audiência ao
expor os problemas da capital, o que lhe abriu espaço na política alagoana.

Decidiu sair candidato a Prefeito em 1960, sendo eleito de forma aclamada, vencendo em todas às urnas da capital alagoana. No início de 1964, quando começaram as especulações sobre os possíveis nomes que se envolveriam na disputa do governo de Alagoas em 1965, Sandoval Caju despontou entre os mais comentados. Mas com a implantação da Ditadura, Caju teve seus direitos políticos cassados, tendo que sair de Maceió e ter que morar em Recife, para atuar na advocacia.

Voltou a disputar uma eleição em 1985, quando foi candidato a Prefeito de Maceió pelo PTB, mas ficou apenas em quarto lugar. Sandoval Caju faleceu no dia 23 de maio de 1994, aos 70 anos, vítima de câncer de pulmão.

Fausto Tomaz de Lima: Natural de Igaracy, Fausto Tomaz saiu da Paraíba para tentar uma vida melhor em São Paulo e se tornou um importante político da capital paulista.

Eleito Vereador em São Paulo e Deputado Estadual no pleito de 1965, Fausto foi mais um dos nomes perseguidos pela Ditadura e acabou tendo seu mandato cassado em julho de 1969.

O paraibano faleceu em 26 de maio de 2014, aos 96 anos.

Fátima Bezerra: Fátima Bezerra nasceu no então distrito de Nova Palmeira, pertencente ao município de Picuí, mas mudou-se para Natal, ainda adolescente. Em 1980, formou-se em Pedagogia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, tornando-se, logo em seguida, professora da rede pública na prefeitura de Natal e no governo estadual.

Além disso, foi vice-presidente (1980-1982) e presidente (1982-1985) da Associação dos Orientadores Educacionais, secretária-geral da Associação dos Professores (1985-1987), secretária-geral (1989-1991) e presidente (1991-1994) do Sindicato dos Trabalhadores em Educação.

Filiada ao PT desde 1981, Fátima começou na política em 1994, quando se elege Deputada Estadual. Reeleita quatro anos depois, Bezerra decide alçar voos mais altos e vira Deputada Federal em 2002, se reelegendo por mais três mandatos. Durante esses anos, tentou ser Prefeita de Natal entre 1996 e 2008, perdendo todas às quatro eleições.

Eleita Senadora em 2014, Fátima decide disputar o Governo quatro anos depois, vencendo o ex-Prefeito de Natal, Carlos Eduardo Alves, no segundo turno. Reeleita em 2022, em primeiro turno, Fátima é atualmente a principal liderança política do Rio Grande do Norte.

Epitácio Cafeteira: Natural da Capital, Epitácio começou sua carreira política no Maranhão como candidato a deputado estadual em 1950, mas não obteve êxito. Também foi derrotado ao disputar esse mesmo cargo em Alagoas em 58. De volta ao Maranhão, elegeu-se suplente de Deputado Federal em 1962 chegando a exercer o mandato mediante convocação.

Num desses intervalos apresentou uma emenda constitucional estabelecendo a eleição direta para prefeito da capital maranhense. Aprovada a emenda, Epitácio Cafeteira elegeu-se prefeito de São Luís em 3 de outubro de 1965 para um mandato de quatro anos. Deputado Federal entre 1975 e 1987, Em 1986, Epitácio foi eleito o primeiro Governador do Maranhão após a Ditadura, apoiado pelo Presidente José Sarney.

Renunciou ao Governo, e consegue se eleger Senador em 1990. Disputou o Governo maranhense em 1994 e em 1998, mas foi vencido por Roseana Sarney nas duas vezes. Ficou em terceiro lugar como candidato ao Senado Federal em 2002, mas após celebrar uma aliança com o clã Sarney, volta ao Senado pelo PTB em 2006.

Epitácio faleceu em 13 de maio de 2018, aos 93 anos.

Gil Paraibano: Natural da cidade de Vista Serrana, o empresário foi Prefeito da cidade de Picos no Piauí, entre 2005 e 2012.

Gil tentou retornar à Prefeitura em 2016, mas acabou sendo derrotado pelo Prefeito Padre Walmir. Após a cassação do Prefeito em 2018, o paraibano assumiu o mandato, sendo eleito em 2020 ao atingir 51,96% dos votos.

O Prefeito tentará o quarto mandato nestas próximas eleições, amparado pelo apoio do Senador Ciro Nogueira.

Gilvandro Estrela: Natural de Sousa, Gilvandro aportou em Pernambuco no ano de 1976, quando fixou residência em Recife, para concluir o ensino médio. Após concluir o curso de direito, se torna um importante Advogado criminalista na região de Belo Jardim, se tornando também Defensor Público de várias cidades da região.

Entra na vida pública em 2008, quando se torna Vereador. Reeleito para mais duas legislaturas, se torna Presidente da Câmara e um dos principais nomes da política de Belo Jardim.

A boa atuação o levou a ser candidato a Prefeito em 2020, se tornando o mais votado da história de Belo Jardim com mais de 22 mil votos. O paraibano buscará a reeleição nestas próximas eleições.

Chico Brasileiro: Nascido em Piancó no ano de 1965, Francisco Lacerda Brasileiro se formou em odontologia pela UFCG, fixando residência na cidade de Foz do Iguaçu no Paraná em 1989.

Em 2005 foi nomeado secretário municipal de Saúde e secretário municipal da Administração de Foz do Iguaçu, o que o leva a sua primeira eleição em 2006, quando não conseguiu se eleger Deputado Estadual. Dois anos depois foi eleito vice-prefeito de Foz do Iguaçu, na chapa encabeçada por Paulo Mac Donald Ghisi.

Em 2012 concorreu a prefeito, ficando em segundo lugar com 62.911 votos. Em 2014 se candidatou novamente a deputado estadual e foi eleito com 50.930 votos.

Foi candidato a prefeitura mais uma vez em 2016, ficando na segunda colocação, porém, o candidato e ex-prefeito Paulo Mac Donald Ghisi, que obteve a maior votação, teve a candidatura impugnada. O TSE convocou novas eleições em 2 abril de 2017, quando o paraibano venceu o pleito, se reelegendo em 2020.

Targino Pereira da Costa Neto: Targino é o único nome na nossa lista que foi Prefeito na Paraíba e em outro estado. Nascido em Araruna em 26 de julho de 1937, era herdeiro do renomado clã familiar Targino, influente na política ararunense desde o início do século XX.

Seu primeiro êxito político, foi aos 22 anos, se tornando o 1º prefeito eleito do recém emancipado município de Tacima. Após administrar Tacima por mais de 3 anos, Targino se afasta para concorrer á prefeitura de Araruna, tendo como adversário o mais poderoso líder político do Curimataú paraibano a época, o latifundiário Benjamim Maranhão.

Targino consegue vencer Benjamin em uma disputa muito apertada e se torna Prefeito de Araruna em 1963. Após o término do mandato, Targino decidiu trabalhar como Promotor, deixando a política de lado por alguns anos até se candidatar a Prefeito de Nova Cruz no Rio Grande do Norte em 1982, ficando na segunda colocação.

Consegue vencer a eleição de Nova Cruz em 88, depois se tornando Deputado Estadual no Rio Grande do Norte no pleito de 94. Em 2004, retorna a Paraíba, se tornando por mais duas vezes Prefeito de Tacima, entre 2005 e 2012.

Mas a trajetória política de Targino não para por aí, pois ele volta a ser Prefeito de Nova Cruz nas eleições de 2016. O paraibano infelizmente faleceu no exercício do cargo em 7 de janeiro de 2019, aos 81 anos.

Amazan: Nascido em Campina Grande, o cantor Amazan foi criado em Jardim do Seridó no Rio Grande do Norte. Após o sucesso nos palcos por todo o Nordeste, Amazan decidiu se aventurar pela política no estado vizinho.

Em 2012, foi candidato a prefeito de Jardim do Seridó pelo PSD, obtendo 4 506 votos (48,44% dos votos válidos) e ficado em 2º lugar.

Em 2014, foi candidato a Deputado Estadual do Rio Grande do Norte, obtendo 22 243 votos. Sendo o 28º mais votado, ficou na segunda suplência de sua coligação. Nas eleições de 2016, foi eleito Prefeito de Jardim do Seridó, obtendo 4 600 votos (51,13% dos votos válidos), se reelegendo nas eleições de 2020.

Rumores dão conta que ele sairá candidato a Deputado em 2026 e não descarta sair na Paraíba.

Tarcísio Maia: Natural de Catolé do Rocha, Tarcísio fez carreira política no Rio Grande do Norte, diferentemente do irmão João Agripino Filho.

Ocupou a Secretaria de Educação no governo Dinarte Mariz (1955-1960), elegendo-se Deputado Federal para o período de 1959-1963.

Em 1975, foi designado Governador do Rio Grande do Norte pela ARENA, com o apoio de Dinarte Mariz, após a morte do industrial Osmundo Farias, originalmente cotado para o cargo.

Foi sucedido em 1979 por seu primo, Lavoisier Maia e em 1983 quem ocuparia o governo, desta vez pelo voto direto, seria seu filho, José Agripino Maia.

Maurício Marques: Natural da cidade de São Mamede, Maurício Marques foi Prefeito da cidade de Parnamirim, no Rio Grande do Norte entre 2009 e 2016.

Tentou retornar à Prefeitura nas últimas eleições, mas ficou apenas na última colocação dentre as sete candidaturas postas no pleito.

Major Alcides: Alcides Rodrigues dos Santos nasceu na cidade de Catolé do Rocha, no dia 05 de maio de 1920. Alcides ingressou na Força Aérea Brasileira em 1949, formou-se em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Pará, em 1966, e foi Administrador-Construtor de dezenas de pistas de pousos para aeronaves em várias localidades na Amazônia.

Em 1979, se mudou para Roraima onde se tornou Secretário de Obras do Governo. A sua atuação no Governo o credenciou a ser nomeado Prefeito da Capital, Boa Vista. Alcides comandou a cidade entre 1980 e 1983.

Após deixar a Prefeitura, o paraibano foi Secretário Municipal de Obras e Urbanismo (1988), Diretor Presidente da CAER (1990/91) e Diretor de Habitação da Codesaima (1991). Alcides faleceu em 1991.

Zé Vieira: Natural de Sousa, José Vieira Lins, começou a carreira política em 1992, ao ser eleito vereador de Bacabal pelo PTB. Já na eleição de 1996, concorreu a prefeitura de Bacabal sendo eleito, e reeleito em 2000.

Concorreu a deputado federal em 2006, chegando a primeira suplência e sendo efetivado em maio de 2008m sendo reeleito em 2010. Decidiu retornar a Prefeitura de Bacabal em 2016, sendo eleito, mesmo tendo sido condenado por improbidade administrativa e enriquecimento ilícito em julgamento antes da eleição.

Após uma série de decisões judiciais, em 5 de janeiro de 2018, a Câmara Municipal de Bacabal determinou o afastamento imediato de Zé Vieira e a convocação de novas eleições.

Com câncer, José Vieira Lins faleceu em 19 de março de 2019, aos 84 anos.

Outros nomes paraibanos importantes pelo Brasil, são: Junior Lopes (Prefeito de Goianira/GO), Tomaz Izidro de Lima (Prefeito de Ubiratã – PR), Nunes Peixeiro (Vereador em São Paulo) e Pedro Egídio (Ex-Deputado Estadual na Bahia).

Fonte: Vitor Azevêdo
Créditos: Polêmica Paraíba

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