No início do mês de junho, a jornalista pessoense, Letícia Silva denunciou, em suas redes sociais, ter tido fotos suas usadas de forma indevida em uma plataforma de conteúdo adulto. Após o caso de Letícia ganhar grande repercussão, outras jornalistas também revelaram terrem sido vítimas do mesmo crime. 

Além de Letícia, outras repórteres e apresentadoras, como Fernanda Albuquerque, Linda Carvalho, Jaceline Marques, Bruna Borges, Ana Beatriz Rocha, Amy Nascimento, Beatriz Freire, Dani Fechine e Zuila David também tiveram suas fotos divulgadas sem permissão em plataformas de conteúdo adulto, causando grande revolta na comunidade jornalística local. A Delegacia de Crimes Cibernéticos de João Pessoa está conduzindo as investigações para identificar os responsáveis por essas violações de privacidade. 

De acordo com o advogado, Guilherme James, esse é mais um caso de crime cibernético, cometido através de computadores e sistemas informatizados. “Esses delitos podem incluir roubo de dados bancários, informações pessoais, destruição de dados armazenados, inutilização de sistemas computacionais, ameaças e extorsões, vazamento de fotos íntimas, ataques com o intuito difamatório e inúmeras práticas criminosas”, explicou.

O advogado informou ainda, que a vítima de algum crime cibernético, deve agir rapidamente para proteger suas informações e buscar justiça, devendo tomar todas as medidas possíveis para preservar as provas, mantendo registros de e-mails suspeitos, URLs, registros de tela e quaisquer outros detalhes que possam auxiliar a polícia e a justiça na investigação.

“É necessário o registro de um Boletim de Ocorrência, bem como mudar senhas, tendo em vista que certamente todas as informações de acesso devem estar comprometidas”, destacou.

Onde buscar ajuda?

Na Paraíba, as vítimas podem procurar a Delegacia Especializada em Crimes Cibernéticos que está localizada na Central de Polícia de João Pessoa, criada para investigar uma variedade de crimes digitais incluindo fraudes online, golpes pela internet, distribuição de pornografia infantil, ataques a honra, vazamento de fotos dentre outros delitos.

As vítimas não residentes na capital paraibana devem entrar em contato com a delegacia mais próxima para orientações sobre como proceder ou para ser direcionado ao órgão especializado mais adequado.

“Essas vítimas de um crime cibernético devem tomar todas as medidas legais e de segurança para proteger suas informações pessoais, ou seja, deve notificar as autoridades registrando a ocorrência, consultando de imediato um advogado especializado em direito digital que poderá orientar sobre os procedimentos legais e ajudar a buscar reparação de danos.”, disse o advogado.

Penalidades legais

No Brasil, as penas e consequências legais para indivíduos condenados por crimes cibernéticos variam conforme a gravidade do crime e as circunstâncias específicas, podendo variar entre 1 a 8 anos dependendo da gravidade do delito, o que em certos casos é ínfimo em virtude do resultado causado as vítimas, segundo Guilherme James.

“Por fim e não menos importante, devemos deixar claro que além das penas criminais, os condenados por crimes cibernéticos também podem enfrentar consequências civis, como a obrigação de pagar indenizações por danos morais, materiais e principalmente psicológicos às vítimas que em decorrência do fato tiveram abalo de autoestima, ansiedade, traumas psicológicos, sendo recomendado que estas busquem apoio na área profissional para lidar com as consequências psicológicas e emocionais”, completou.

Sequelas do crime

Vítimas de crimes cibernéticos enfrentam frequentemente uma série de desafios emocionais que podem ter um efeito duradouro nas suas vidas, como a ansiedade e depressão, estresse pós-traumático, vergonha ou até mesmo culpa pelo que aconteceu.

“Quando alguém sofre um crime desse tipo, muitas vezes fica assustado e preocupado, sentindo que está a um passo de perder tudo. Muitas pessoas sentem vergonha e culpa pelo ocorrido, acreditando que deveriam ter tomado medidas para evitar o crime. Essa autocrítica pode ser particularmente forte em casos de phishing ou hacking, onde a vítima pode sentir que foi ingênua ou descuidada, o que por sua vez pode ajudar a elevar os níveis de ansiedade, e diminuir a autoestima da pessoa”, explicou o psicólogo, Jansen Chaves.

Ainda de acordo com o psicólogo, a sensação de vulnerabilidade e a preocupação constante com a segurança pessoal e financeira, ou até mesmo com a própria reputação, tende a afetar tanto o corpo quanto a mente dessas pessoas, sendo comum apresentarem sintomas de depressão como sentimentos de desamparo, desesperança e tristeza profunda, o que pode desencadear em distúrbios do sono, falta ou excesso de apetite, por exemplo.

Em casos mais graves elas podem desenvolver o Transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), quando apenas a lembrança sobre o ocorrido é suficiente para levar a pessoa a reviver aquela experiência traumática.

Essas dificuldades mostram que o impacto de um crime cibernético vai além do dano financeiro ou material, afetando profundamente a saúde mental e o bem-estar das vítimas. É importante que estas busquem apoio psicológico e profissional para ajudar a lidar com essas consequências.

“A recomendação que fica para quem for vítima desse tipo de crime é procurar ajuda através de um acompanhamento psicológico, por meio de um profissional de confiança, ou através dos serviços de saúde mental, como a procura de apoio psicológicos nos USFs e clínicas escola nas faculdades que tem curso de psicologia, como a UFPB, UNIPE e NASSAU, em João Pessoa, e a UFCG e UEPB, em Campina Grande”, destacou Jansen Chaves.

Tratamento

O psicólogo enfatiza que o tratamento nesse caso, gira em torno principalmente de lidar com consequências pessoais do crime, na vida da vítima, pois muitas vezes podem afetar as relações profissionais e familiares. Lembrando que esse tipo de crime pode ser cometido não só por desconhecidos, mas também por pessoas próximas.

Crédito: Adriany Santos

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