A Paraíba registrou a quarta maior redução do número médio de filhos por mulher entre 2010 e 2022, de acordo com dados divulgados nesta sexta-feira (27) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no levantamento preliminar “Censo Demográfico 2022: Fecundidade e Migração”. O Estado passou de uma média de 3,8 filhos por mulher com idade entre 50 e 59 anos em 2010 para 2,4 em 2022 — queda de 36,1%, atrás apenas da Bahia, Piauí e Tocantins.
A Taxa de Fecundidade Total (TFT) da Paraíba ficou em 1,61 filhos por mulher, abaixo do nível de reposição populacional (2,1) e pouco acima da média nordestina (1,60) e nacional (1,55). O índice coloca a Paraíba como o 12º menor entre os estados brasileiros.
Outro dado relevante mostra que as mulheres paraibanas estão postergando a maternidade. A idade média da fecundidade subiu de 26,4 anos, em 2010, para 27,7 anos em 2022, acompanhando a tendência nacional. O Distrito Federal apresentou a maior idade média (29,3 anos) e o Pará, a menor (26,8 anos). A média da Paraíba é igual à nordestina e inferior à brasileira (28,1 anos).
Entre os fatores que influenciam esse adiamento estão o aumento da escolaridade, a maior presença feminina no mercado de trabalho e o acesso a métodos contraceptivos. O reflexo dessa mudança também aparece no percentual de mulheres que encerraram o período fértil sem ter filhos: em 2022, 15,4% das paraibanas entre 50 e 59 anos não tiveram filhos nascidos vivos — índice acima do registrado em 2010 (12%) e semelhante ao do Nordeste (15,6%).
Apesar da queda na fecundidade, o Norte e o Nordeste continuam com os maiores números médios de filhos por mulher. Amapá e Acre lideram com 3,2 filhos por mulher. No outro extremo, o Rio de Janeiro apresentou a menor média (1,8). Com 2,4 filhos por mulher, a Paraíba ficou na 14ª posição nacional.
Mudanças por cor/raça e escolaridade
O levantamento também apontou diferenças no comportamento reprodutivo conforme a cor/raça e o nível de instrução das mulheres. As mulheres brancas da Paraíba tiveram o maior aumento na idade média da fecundidade: de 26,7 anos para 29 anos (aumento de 2,3 anos). Já as mulheres pretas tiveram o menor crescimento: de 26,4 para 26,8 anos.
Por nível educacional, a tendência de fecundidade mais tardia se manteve em quase todas as faixas. As mulheres com ensino médio completo até superior incompleto registraram a maior elevação na idade média (de 27,4 para 28,6 anos). Entre aquelas com ensino superior completo, no entanto, houve queda surpreendente: de 31 anos para 27,3 anos, o que contrariou o padrão observado em 2010.
Esses dados mostram que a fecundidade na Paraíba segue a tendência nacional de queda e postergação da maternidade, influenciada por fatores sociais, culturais e econômicos, além de refletirem profundas transformações no papel da mulher na sociedade.