PGR pede condenação de Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado

PGR pede condenação de Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado

Procuradoria apresentou alegações finais do processo contra o núcleo “crucial” da suposta tentativa de golpe de Estado

A PGR (Procuradoria-Geral da República) pediu nesta segunda-feira (14) a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de outros sete réus por participação em uma tentativa de golpe de Estado no país. 

O procurador-geral, Paulo Gonet, apresentou ao ministro relator do caso, Alexandre de Moraes, as alegações finais no processo contra o núcleo “crucial” da trama golpista.

A respeito dos benefícios do acordo de delação premiada fechada pelo tenente-coronel Mauro Cid, Paulo Gonet defendeu que seja afastada a opção de perdão judicial e fixada pena mínima devido a omissões nos depoimentos e resistência para cumprir com as obrigações do acordo

“Diante do comportamento contraditório, marcado por omissões e resistência ao cumprimento integral das obrigações pactuadas, entende-se que a redução da pena deva ser fixada em patamar mínimo. O Ministério Público sugere, na esteira dessa construção, a redução de 1/3 da pena imposta pela prática criminosa como benefício premial decorrente de sua colaboração. Afasta-se, por conseguinte, a concessão do perdão judicial”, afirma o procurador no parecer. 

Paulo Gonet cita Bolsonaro como líder do esquema e nega que a denúncia se baseie em “suposições frágeis”, como alegam parte das defesas dos reús. Segundo Gonet, a própria organização criminosa fez questão de documentar quase todas as etapas do plano.

“Não há como negar fatos praticados publicamente, planos apreendidos, diálogos documentados e bens públicos deteriorados. se as defesas tentaram minimizar a contribuição individual de cada acusado e buscar interpretações distintas dos fatos, estes não tiveram como ser negados”, argumenta o procurador.

Segundo ele, o grupo um plano progressivo e sistemático para atacar as instituições democráticas e impedir a alternância legítima de poder nas eleições de 2022.

Ele aponta que o esquema envolvia integrantes do governo, das Forças Armadas e de órgãos de inteligência, e teve como alvo central o enfraquecimento do Poder Judiciário.

A respeito da participação do ex-presidente do 8 de janeiro, Gonet afirma que Bolsonaro era o líder “enaltecido” pelos manifestantes e que a pauta defendida pelos invasores refletia o discurso radical e recorrente do ex-presidente, baseado em alegações infundadas de fraude nas urnas eletrônicas.

Para o Ministério Público, não se tratou apenas de alinhamento ideológico, mas houve contribuições e interlocuções diretas entre os integrantes do grupo criminoso e os manifestantes, o que “afasta qualquer ideia de um mero paralelismo de circunstâncias”. 

A PGR destacou nas alegações finais que a fase de instrução processual reforçou as evidências já obtidas durante as investigações. Segundo o procurador, depoimentos colhidos em juízo, especialmente os dos ex-comandantes do Exército e da Aeronáutica, confirmaram que eles receberam, em mais de uma ocasião, uma minuta de decreto com medidas de exceção cujos fundamentos eram incompatíveis com a Constituição e configuravam “consequências impensáveis” para o Estado Democrático de Direito.

“É certa, também, a realidade da convocação do Alto Comando do Exército para apresentação, pelo Presidente da República, de medidas de exceção que impediriam a posse do novo governo eleito. Provam-no depoimentos, registros de entrada no Palácio da Alvorada, minutas apreendidas em poder dos acusados e conversas de WhatsApp sobre as reuniões de apresentação do decreto golpista”, defende Gonet.

Em atualização

Com CNN Brasil